quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

"LA MUJER Y LA GALLINA"

 Na década de 1930, numa época tumultuada em São Paulo pela Revolução de 32, o avô Sebastian resolveu trocar o seu belo sobrado no bairro da Penha, que ele mesmo havia construído, por um sítio na “estação” Belém SPR (Francisco Morato grande São Paulo). Os filhos “almofadinhas da cidade” detestaram a falta de infraestrutura do lugar, sem energia elétrica e trabalho duro na lavoura era demais para eles. Contava meu pai que o sítio era próximo de uma lagoa com muitos sapos-boi. Como não entendiam nada de sapo-boi, o coaxar era confundido com o berro das cabras. Então, meu avô os fazia levantarem de madrugada para verificar se as cabras não estavam se enforcando. O irmão do meu pai o tio Antonio, chegou a cortar o próprio pé com a enxada para parar de trabalhar. O vô Sebastian, espanhol turrão, gritou: “Orina tus piés y trabaja”. Logo depois se mudaram para a Vila Espanhola, (chama-se assim pelas famílias de espanhóis pioneiras que formaram essa vila) na mesma cidade, na famosa Rua das Camélias – onde nasci.

Todos os dias pela manhã bem cedo, quase de madrugada, os vizinhos da época eram “obrigados” a ouvir o avô Sebastian entoar em alto e bom tom, sempre descendo a rua das Camélias, versos e frases como “La mujer y la gallina” e “A madrugada que já passou não volta mais” entre outros que já não me lembro mais.
(a frase está em bom portunhol) 

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