domingo, 30 de janeiro de 2022

“ESTE DINERO QUE TU ME DA A MI, IO ME LO BEBO EN VINO”

 



A religião e os templos religiosos sempre fizeram parte da história das cidades espanholas, sejam cristãos ou muçulmanos, e Vejer não é diferente. Além do castelo se destaca a igreja Parroquia del Divino Salvador. Que foi construída sobre os restos de uma antiga mesquita Árabe. Em Vejer entre as principais festas típicas estão as religiosas. Sempre em louvor da Virgen de la Oliva, patrona da cidade https://youtu.be/_h9OWy2JEoM

 Portanto, não poderia faltar numa família vejeriega história de padres como nessa pérola da tia-avó Aurora

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

OS QUADROS DO TIO-AVÔ LUIZ – A ARTE NA FAMÍLIA

 



A arte sempre esteve presente na Família Altamirano, até a Tia-Avó Aurora pintava quadros.

José Luiz Altamirano Fernandez, O tio-avô Luiz, que era pintor e escultor, deixou como legado para a família, seus quadros que retratavam paisagens, casarios, arcos, moinhos, a maior parte provavelmente de lembranças que ele tinha de Vejer. Muitas dessas obras conheci na casa da avó Josefa e na casa da prima Conceição Altamirano Gonzalez. Um de seus quadros retrata um arco romano típico na Espanha e obviamente em Vejer. Um quadro pintado pela Tia-Avó Aurora e uma das esculturas em madeira do Tio-Avô Luiz, se encontra no acervo do primo Mauro Daque). O primo João Altamirano Grechinski, neto do tio-avô Juan Altamirano possui um belo acervo dessas obras do Tio-Avô Luiz, inclusive um quadro de São Jorge – não sei se tem alguma referência ao Corinthians.

Meu pai Sebastianito, era exímio violonista seus irmãos Luiz e Germano, se não me engano, também tocavam algum instrumento. Sua irmã Tia Aurora era atriz e dançarina, com uma história de vida fantástica, mas, controversa para sua época. Até recentemente o Ariovaldo Altamirano (precocemente levado pela Covid), filho do Germano Altamirano irmão de meu pai, era o herdeiro mais promissor desse talento nas artes plásticas. Deixou como legado entre inúmeros retratos e naturezas-mortas, duas pinturas magníficas tendo como referência Vejer de la Frontera

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

"NI EL DIABLO ME QUIERE"

 


O avô Sebastian e a avó Pepa, após Belém SPR, (Francisco Morato) viveram seus últimos anos em Itanhaém para onde já costumavam viajar no verão. E quando nós os visitávamos lá ia o avô Sebastian ao amanhecer com sua típica boina espanhola, um “borná” e uma foice cortada, pegar mariscos frescos nas pedras à beira do mar. Um evento muito perigoso. Ele ia sempre na maré baixa quando era mais fácil coletar os mariscos. Pelas suas origens, perto da costa no sul da Espanha, adoravam frutos do mar. Vó Pepa fazia um arroz com mariscos de lamber os beiços. Numa dessas vezes ele não percebeu que a maré estava enchendo, veio uma onda mais forte e jogou o vô Sebastian ao mar. Ao mesmo tempo que o devolvia sobre as pedras.

Já estávamos preocupados com a demora, quando ele surge no portão, todo ralado pelas pedras e conchas, bradando pela Avó Pepa: - “Quija, ni el diablo me quiere.”
(Não está claro para mim qual a expressão correta que o avô Sebastian chamava a avó Pepa: “Quija” – em português – mas não sei em espanhol o que significa e como se escreve. Talvez os primos de Vejer possam dizer)

"LA MUJER Y LA GALLINA"

 Na década de 1930, numa época tumultuada em São Paulo pela Revolução de 32, o avô Sebastian resolveu trocar o seu belo sobrado no bairro da Penha, que ele mesmo havia construído, por um sítio na “estação” Belém SPR (Francisco Morato grande São Paulo). Os filhos “almofadinhas da cidade” detestaram a falta de infraestrutura do lugar, sem energia elétrica e trabalho duro na lavoura era demais para eles. Contava meu pai que o sítio era próximo de uma lagoa com muitos sapos-boi. Como não entendiam nada de sapo-boi, o coaxar era confundido com o berro das cabras. Então, meu avô os fazia levantarem de madrugada para verificar se as cabras não estavam se enforcando. O irmão do meu pai o tio Antonio, chegou a cortar o próprio pé com a enxada para parar de trabalhar. O vô Sebastian, espanhol turrão, gritou: “Orina tus piés y trabaja”. Logo depois se mudaram para a Vila Espanhola, (chama-se assim pelas famílias de espanhóis pioneiras que formaram essa vila) na mesma cidade, na famosa Rua das Camélias – onde nasci.

Todos os dias pela manhã bem cedo, quase de madrugada, os vizinhos da época eram “obrigados” a ouvir o avô Sebastian entoar em alto e bom tom, sempre descendo a rua das Camélias, versos e frases como “La mujer y la gallina” e “A madrugada que já passou não volta mais” entre outros que já não me lembro mais.
(a frase está em bom portunhol) 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

• “EU NADAVA NO CORINTHIANS. PULAVA DO TRAMPOLIM.”

 


¨  A história da família Altamirano no Brasil tem muitas referências ao Corinthians. Os Altamiranos chegaram ao Brasil em 1911, um ano depois da fundação do Corinthians. A maior parte dos membros da família espanhola, após não se dar muito bem com o trabalho nas fazendas de café, retornou para a cidade de São Paulo e adotaram o bairro da Penha como moradia. Próximo ao Parque São Jorge – Corinthians. Daí, frequentar a antiga Fazendinha e torcerem pelo Timão foi um pulo. Não se sabe exatamente quando essa paixão começou. O filho mais velho da Tia-Avó Aurora, Juarez “Altamirano” Daque (90 anos) é sócio do Corinthians há mais de sessenta anos. Seu filho Mauro foi atleta de remo do Corinthians. Sou sócio há quase quarenta anos.  Nasci no IV Centenário de São Paulo, e fui batizado na Igreja da Penha. Campeão? Corinthians (em cima do Palmeiras é óbvio). Quem era o goleiro? Gylmar dos Santos Neves, cujo nome, sem o y, meu pai Sebastião (Nito) Altamirano homenageou dando o nome ao seu primogênito

A própria tia-avó Aurora Altamirano Dachi, por exemplo, contava que chegou a nadar no cocho do Corinthians no Rio Tietê (limpo até então), a piscina da época. https://www.facebook.com/CorinthiansCultural/photos/cocho-corinthiano-1930rio-tiet%C3%AA-prim%C3%B3rdios-da-poderosa-nata%C3%A7%C3%A3o-do-tim%C3%A3o/1194719703930620/

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

“PÉROLAS DEL ABUELO SEBASTIAN”

 



Resolvi alternar as Pérolas da Abuela Lola, com algumas pérolas del Abuelo Sebastian, seu irmão que veio casado da Espanha com a avó Pepa (Josefa)

 

“AQUELLOS DUROS ANTIGUOS”

 

Quando era criança me acostumei a ouvir o avô Sebastian entoar antigas canções espanholas. E uma que marcou muito, tem uma letra bem-humorada que retrata uma lenda gaditana, provavelmente conhecida entre alguns de nós, cujo refrão diz assim:

“Mi suegra, como ya dije,
se pasó allí una semana,
escarbando por la noche,
de día y por la mañana.

Perdió las uñas y el pelo,
y eso que poco tenía,
y en vez de coger los duros
lo que pilló fue una pulmonía”

Na visita a Vejer, Paco (Francisco Altamirano Martinez) me explicou que era um “tanguillo gaditano” do início do século XX (1905) – A história desse tanguillo está bem contada e cantada por Paola Hermosin neste link https://youtu.be/ByaJ6hpQYeM


“PÉROLAS DOS ABUELOS”

 




No início de 1994 a “coceira de raízes” me levou a visitar, eu e a Beth minha mulher, a tia-avó Aurora, então com 90 anos, irmã do avô Sebastian, a última da geração da família de imigrantes espanhóis que chegou ao Brasil em 29 de novembro de 1911. Nessa visita tive o privilégio de gravar uma longa entrevista onde pude ouvir direto da boca dela, a história da imigração da família Altamirano para o Brasil. Até hoje preservo a entrevista que gravei em um “pocket gravador” de minifitas cassete que era muito usado na época. Vó Aurora viveu seus últimos anos na casa da filha, prima Anita “Altamirano” Daque Sbrana. Infelizmente poucos meses depois da entrevista ela se foi.

Em 1995, em julho, continuando a busca das raízes (há mais de 25 anos), pude conhecer Vejer de la Frontera - Cádiz - España, um lindo Pueblo blanco, tierra de los abuelos, -. Fui muito inspirado pela entrevista da tia-avó Aurora Altamirano Dachi e muito bem recebido pelo “primo” Paco Altamirano Martinez. Anos depois, Paco também recebeu as bisnetas Andresa, filha da Margareth “Altamirano” Sbrana da Silveira; Vanessa, filha do Mauro “Altamirano” Daque (mais recentemente) além das sobrinhas-bisnetas Talitha, minha filha, e a Paula, filha do João Altamirano Grechinski.  Muchas gracias Paco! Saludos!

Para comemorar os 110 anos dessa saga, já que não pudemos fazer festa, quero compartilhar com os primos Altamirano, com permissão do primo Juarez “Altamirano” Daque o último “decano Altamirano” da geração do meu pai (90 anos- a quem estendo a homenagem), filho e os netos e bisnetos da vó Aurora, para postar pequenos trechos dessa entrevista e outras histórias da família que denominei em bom portunhol “PÉROLAS DOS ABUELOS”. Não mudei nada apenas organizei.

 

ALTAMIRANOS 110 ANOS – DA ESPANHA PARA O BRASIL


 

Em dezembro de 1995, com a ajuda e adesão dos primos consegui reunir boa parte da família Altamirano no CORINTHIANS (tinha que ser) numa festa “flamenca”. Eram quase cem pessoas. Esse encontro emblemático sempre citado pelo primo Juarez “Altamirano” Daque, contou com descendentes de três dos quatro “abuelos” nascidos na Espanha (irmãos) que deram continuidade à família no Brasil: Sebastian, Aurora e Juan. (Infelizmente faltaram descendentes do tio-avô Antonio que faleceu precocemente deixando dois filhos a Francisca e o Fabiano). Tive um imenso prazer de reunir, tios, primos e irmãos que não se viam há mais de trinta anos. Uma das histórias mais comoventes para mim foi resgatar a tia Lola Altamirano, irmã do meu pai, que ao chegar à festa conduzida pelas mãos de minha mãe Djanira, se aproximou e sussurrou ao pé do ouvido: “Sobrinho, depois de hoje já posso morrer”. Tivemos mais um breve encontro da família na “Pizza dos 100 anos” em 2011 em comemoração aos 100 anos da imigração, onde muitos presentes da festa de 1995 já não estavam entre nós.

Pois é, em 2021 nessa comemoração dos 110 anos da vinda dos Altamirano para o Brasil, no meio de uma pandemia, seria inviável programarmos um novo encontro presencial, mas, como sou um teimoso descendente de espanhóis, usei a rede social para reaproximar os primos, e manter vivas as nossas raízes espanholas. Espero que essas “pérolas” motivem as novas gerações a cultivarem as raízes que são a nossa referência e nossa identidade. Afinal, alguém já disse que “a árvore que perde suas raízes apodrece-se os frutos”. Encontrem-se: O encontro é a celebração da vida.

UMA FAMÍLIA DE CORINTHIANOS E O BAIRRO DA PENHA

  Assim como a Vila Pompeia é o “berço” de boa parte dos descendentes da família italiana Pelorca (de minha mulher Beth), o bairro da Penha ...